quinta-feira, 29 de novembro de 2012

questão de vida ou morte

nem adianta culpar os Maias. todo final de ano é a mesma coisa, esse ritmo louco, um frenesi para correr atrás do tempo perdido e terminar tudo o que queremos fazer antes que o ano acabe. encontrar aqueles amigos para quem você prometeu um chope, renovar aquele documento vencido, botar em prática um projeto que você prometeu lá em janeiro, perder aqueles quilos da dieta que nunca deu certo.

sou super fã do Steve Jobs e, me chame de clichê, também adoro aquele discurso dele em Standford - How to live before you die.  mas esses dias, dois episódios me fizeram repensar a parte que ele fala sobre a importância da morte nas nossas vidas:

because Death is very likely the single best invention of Life. It is Life’s change agent.

será mesmo ter a certeza a todo tempo que vamos morrer um dia, nos ajuda a valorizar o que temos ou traz de fato uma ansiedade sem precedentes? na terça-feira, me peguei admirando a foto de algum lugar incrível nas Maldivas em um blog chamado Places to see before you die. as listas são infinitas. esqueça a tríade escrever um livro + plantar uma árvore + ter um filho. hoje você tem dever de casa. filmes para ver antes de morrer, músicas para ouvir, lugares para conhecer, status profissional para alcançar, apartamento para comprar, família para criar, sem esquecer, claro, de manter uma bela previdência privada para quando a idade chegar. a sensação é que estamos constantemente perdendo tempo. que tempo? 

ontem, ao acabar de jantar, vi que no meu celular tinha uma ligação, caixa postal, whatsapp, SMS E e-mail, todos de uma mesma colega de trabalho, às 22h30. aparentemente ela precisava muito falar comigo. quanto tentei retornar, vinte minutos depois - veja bem, vinte - ela não respondeu. fiquei preocupada e descobri hoje que, na verdade, ela só estava na rua vendo um material nosso e queria falar comigo a respeito. zero urgência. 

se saber que nós vamos morrer é o que nos traz essa constante agonia do que deveríamos estar fazendo, porque então os pacientes terminais e, ainda, os idosos, parecem ter uma tranquilidade muito maior em relação à vida e a seu próprio tempo? meu avô lê o jornal inteiro, todas as manhãs, isso quando não são três jornais diferentes. ele janta em 1 hora, não em 20 minutos. chega no aeroporto mais cedo, para ter calma. espera me encontrar para ter uma conversa mais séria. no entanto, seguindo a ordem natural das coisas, seria ele a ter muito mais motivo para ter pressa. 

talvez Steve Jobs tenha mesmo razão, no final das contas. talvez a morte seja, de fato, a melhor invenção da vida. e só quando estamos realmente confrontados com ela, encontramos a tranquilidade necessária para apenas.... viver. 





3 comentários:

  1. bela reflexão, Anaik!

    beijo,

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  2. muito lindo. muito verdade.

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  3. Talvez seja.
    Certamente é um aprendizado de longo percurso e, ainda assim, tem quem na hora dê o maior vexame!

    beijos

    BF

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