domingo, 20 de junho de 2010

A cada quatro anos...


O assunto do momento é Copa do Mundo. Pudera. Em um país que não tem guerra, terremoto, que não se destaca nas Olimpíadas, nem tampouco tem a política levada a sério, nada mais é capaz de parar o Brasil a não ser o futebol. A Copa acontece a cada quatro anos, e por isso funciona como uma espécie de marco em nossas vidas individuais, mas também serve como métrica para uma série de outras coisas.

Para mim, essa é a quinta Copa do Mundo que conta. Mal me lembro das duas primeiras, então começo em 1994. Nessa época, Brasil tinha Romário e Bebeto. Ouvíamos nossas músicas em fita cassete, tínhamos Itamar aqui e Bill Clinton nos EUA, o Real era novidade e o fantasma da inflação ainda assombrava. Lá em casa não tinha internet, nem TV a cabo. Minha maior preocupação - além do Baggio - era ganhar da minha irmã nas competições de patins. Não houve Itália que nos parasse: Brasil era tetra.

Em 1998, a Copa começou com Brasil x Escócia, mas, naquele ano, todo mundo gostou do 2x1 na estreia. Os olhos estavam todos voltados para Ronaldo, que ainda era Ronaldinho. Enquanto isso, nós já nos aventurávamos na internet. Eu trocava e-mails com a minha melhor amiga de colégio através das contas dos nossos pais, sem poder usar acentuação. ICQ era a grande novidade e as pessoas circulavam com telefones celulares pesadíssimos. No dia do Brasil x Chile, pelas oitavas-de-final, a festa para a turma foi lá em casa. Saramago, vejam só, tornava-se o primeiro Prêmio Nobel da Língua Portuguesa. Mas até hoje ninguém sabe bem o que aconteceu naquele jogo fatídico que deu à anfitriã a taça. Só me lembro de ter aprendido (contra minha vontade) o hino da França.

Mais quatro anos e, em 2002, a Copa da Coreia do Sul/Japão tinha horários bem ingratos para quem estava em pleno vestibular. Os celulares já eram mais baratos e menores, o Brasil elegeu Lula, Ronaldo-já-fenômeno não deixou barato e nos tornamos a primeira seleção penta-campeã do mundo. Lúcio, Gilberto Silva, Kleberson e Kaká estavam lá. Ah, e eu passei no vestibular.

2006 parece que foi ontem. A web já era 2.0, celular já era artigo de primeira necessidade e eu já assistia Copa no SporTV, sem Galvão Bueno. Em vez do Facebook, Orkut, mas ainda sem Twitter. Eu estava na faculdade e trabalhava e, infelizmente, hospitalizada no dia em que o Brasil, mais uma vez, sucumbiu à França (maldito hino). Mas a essa altura o futebol há muito havia me conquistado, então segui acompanhando cada jogo até a final Itália x França. Quem diria que 12 anos depois eu estaria torcendo pela seleção italiana...

Aqui estamos mais uma vez, em 2010, minha primeira versão paulistana. A mais interativa das Copas, com Twitter, câmeras por todos os ângulos, transmissões em tempo real de todo lugar do mundo, via internet, televisão e celular. O Brasil, quem diria, é a grande promessa não apenas no futebol, mas na economia e na política internacional. Os gigantes Inglaterra, França e Espanha já não assustam mais. Deixamos de ser chamados de país subdesenvolvido para membro do BRIC. E, se em 1970 a seleção de Pelé e Rivellino era mais uma distração para que não pensássemos no que acontecia por aqui, hoje os nossos meninos representam um país orgulhoso de si mesmo. Algumas coisas mudam. Outras, nem tanto.

Pra frente, Brasil, salve a seleção!

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