quarta-feira, 3 de março de 2010

a síndrome da informação

você sofre desse mal? bem-vindo ao clube. oi, meu nome é Anaik e eu sou uma viciada.

ontem, o canal GNT reprisou o programa no qual Marilia Gabriela entrevista Mônica Waldvogel, exibido em maio do ano passado. ambas jornalistas de televisão (Mônica apresenta o Saia Justa, também do GNT, e o Entre Aspas, da Globo News), ambas pra lá dos cinquenta. e ambas portadoras confessas da síndrome da informação. não preciso dizer o quanto me identifiquei com a doença.

essa é aquela angústia que nos acomete quando ficamos muito tempo "desconectados", acompanhada da sensação de que nunca conseguimos acompanhar tudo - e é verdade. o terremoto do Chile aconteceu aproximadamente às 3h30 da madrugada de sábado, dia 27/2. eu soube lá pelas 10 da manhã por outra pessoa! inaceitável. a essa altura, muitos chilenos ainda não tinham a real dimensão do que havia acontecido, mas eu imediatamente me senti o mais desiformado dos seres por não ter sabido antes. já comentei que é uma síndrome, certo?

ao que tudo indica, o agente desse vírus é a internet. se o mesmo terremoto tivesse acontecido há 15 anos, ninguém esperaria que você soubesse do fato 7 horas depois e, talvez, nem você mesmo. mas os nossos Facebooks, Twitters, blogs, sites e streams do Google Reader não nos deixam esquecer do que está acontecendo mundo afora. naquela mesma manhã, minha página do Facebook estava repleta de comentários sobre o Chile, mensagens de solidariedade, demonstrações de preocupação, pedidos de ajuda. houve até quem recebesse notícias de entes queridos via Facebook ou e-mail, porque, apesar de a rede telefônica estar fora do ar, muitos conseguiam acesso à internet.

para dar nome, ou melhor, número aos bois, uma pesquisa feita nos EUA aponta que 3/4 dos americanos hoje se mantém atualizados via e-mail ou redes sociais e 61% usa a internet como fonte de notícias. bastante impressionante, considerando que o levantamento foi feito com adultos, ou seja, as gerações que não cresceram conectadas. não é difícil imaginar como será em 20 anos.

o fato é que estamos lendo notícias em cada vez mais canais. minha atualização diária inclui a Folha de S. Paulo (em casa) e O Globo (no escritório); sites e blogs que acompanho via Google Reader (no computador); posts do Facebook e do Twitter (no celular); rádio CBN (no carro); Bom Dia Brasil, da TV Globo (na academia); e revistas (assinamos Exame e Piauí, leio ainda Veja e Época). Ufa.

tá certo que este é o meu trabalho. presumo que, nos jornalistas, os sintomas da síndrome da informação se manifestem com mais intensidade. mas o fato é que há uma sobrecarga geral. não é à toa que, todos os anos, temos a sensação de que este está passando mais depressa. com esse excesso de informação, é como se vivessemos três vezes cada ano, cada vida.

6 comentários:

  1. Bom post! Você sempre atualizada,hehehe... Temos a mesma síndrome, só que não a padeço, mas a exerço, feliz e exaurida ao final de cada dia. E olha que não sou jornalista...
    Beijos virtuais.

    Solange do Flamengo

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  2. E eu, que sou jornalista e tinha uma livraria? Ou seja, somava o descrito no post com os muitos bons lançamentos que recebia na livraria semanalmente... Não tenho mais a livraria, o que é triste, a ansiedade em relação ao livros não lidos é melhor do que à relacionada ás notícias. E aprendi a me controlar um pouco, deliberadamente desligo o celular e computador em um final de semana, por ex. Mas de vez em quando eu me sinto exatamente como descreveu por só saber do terremoto algumas horas depois do ocorrido...

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  3. Anaik, como essa matéria faz eco para minha vida, principalmente nos últimos anos.

    Mas já tomei ciência da minha "doença", agora só preciso exercitar ficar longe da grande rede de vez em quando, sem a sensação de que virei um eremita. rsrs

    Bjs e parabéns pelos ótimos posts.

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  4. Oi querida!! Parabéns pelo blog, você vai longe!!!! Aqui dos EUA a gente observa ainda com mais intensidade o quanto as pessoas estão conectadas ao mundo virtual, o que me preocupa é outra síndrome, daqueles que deixam de se comunicar com PESSOAS para manter um relacionamento serio com o seu PC, Mac, blackberry, etc etc rs.... beijo grande!!

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  5. Meninas, bom saber que não estou tão sozinha nessa neurose da informação.
    Mas, pelo visto, temos aqui uma síndrome predominantemente feminina, não? E independente da profissão de cada uma! Será a nossa velha mania de fazer tudo ao mesmo tempo agora?

    Manu, concordo com você: as tecnologias são ótimas, mas não substituem as relações humanas. Por outro lado, olha você aí em cima do continente e nós duas compartilhando ideias. Bom demais, né?

    beijos a todas

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  6. Gosto tanto do que você escreve... Quando me formar quero ser jornalista igual a você!
    Beijo
    Biba

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