a prateleira do estadão

funciona mais ou menos assim: na esperança de sermos compreendidos, procuramos nos encaixar em pequenas categorias que norteiam nossa personalidade. não sou psicóloga, isso foi um momento de empolgação, mas o fato é que gostamos de nos definir entre duplas. "prefiro praia à serra" ou "vinho à cerveja", números/palavras, dia/noite, preto/branco, rio/são paulo...

com os jornais, não é diferente. até a década de 1990, existia o grupo de leitores do Jornal do Brasil no rio de janeiro. esses eram os intelectuais, esquerdistas ou simplesmente simpatizantes que se recusavam a sucumbir às Organizações Globo. os anos passaram, as lembranças da ditadura esmaeceram e o JB faliu. hoje, aqueles mesmos leitores que jamais seriam flagrados com um exemplar de O Globo debaixo do braço, migraram para este jornal, forçando o JB a oferecer até bicicleta em troca de novos assinantes, coitado.

pois bem. aqui em são paulo também temos dois tipos de pessoa, os assinantes da folha e os do estadão. não vou entregar assim, tão fácil, minha identidade. mas ao primeiro grupo, se estavam procurando uma desculpa para mudar de "lado", ela se chama Sabático. o bom e velho caderno Cultura do estadão, que saia aos domingos, faleceu no último final de semana. em compensação, ganhamos esse novo suplemento inteiramente dedicado à literatura e ao mercado editorial. sairá, adivinha? aos sábados.

Rinaldo Gama vai cuidar do projeto. segundo suas próprias palavras, "esse não será um caderno só de literatura, mas sobre livros". além de notas sobre o mercado, resenhas e espaço para lançamentos, haverá também a publicação de trechos de livros ainda inéditos. agora é esperar a primeira edição, que será lançada dia 13, para escolher seu time.