sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

o sobrevivente

Não é à toa que gostamos de ler. Esta foi apenas a segunda semana do ano e a sensação é de total desamparo. Caos no Haiti, tragédia em Angra, censura na China. Miséria, desgraça, violência, corrupção por todos os lados. Ler o jornal de manhã exige um estômago bem forte. Hoje, acompanhando o relato do repórter da Folha que está em Porto Príncipe, foi difícil terminar o café. Na televisão, as coisas não são muito melhores. Os canais de notícias exibem, em looping, imagens de tristeza e falta de esperança. Entretenimento também não se salva. Entre o Big Brother de número 4.395 ou a novela das oito fico, muito obrigada, com meu livro.
O vendedor de armas é o romance de estreia do Hugh Laurie, mais conhecido como o Dr. House da série de TV. Deliciosamente sarcástico e surpreendentemente contemporâneo, essas páginas são exatamente o que eu - e o mundo - precisamos agora. Porque, afinal de contas, é para isso que lemos. Com exceção de leituras acadêmicas ou profissionais, não existe nenhuma outra razão que me faça pegar um livro - ou meu Kindle - no final do dia senão para meu próprio deleite. São histórias que te fazem imaginar outra realidade, como a vida no século XV, ou sentimentos improváveis, como o desejo, inexplicável de assassinar uma velhinha. Personagens que não se contentam em ficar na mesinha de cabeceira e te acompanham ao longo do dia. Autores que, com uma simples frase, conseguem dizer muito.
Claro que há leituras e leituras. Não podemos comparar uma obra-prima da literatura com um livro para entreter, nem seria cabível. Mas, de uma forma ou de outra, o que importa é que o livro é o maior sobrevivente que a humanidade já conheceu. É o único capaz de resistir a terremotos, enchentes, tiroteios e até a guerras. Está aí o Diário de Anne Frank que não nos deixa mentir.
In memoriam: Miep Gies, a mulher que protegeu Anne Frank e imortalizou o Holocausto.

2 comentários:

  1. Anaik, concordo com voce plenamente... Todos os modismo passam, mas o livro sobrevive impávido...

    Minha paíxão por livro começou aos 13, 14 anos e nunca mais me livrei dela... e Olha que hoje tenho 53...

    E que venham sempre livros que nos emocionam e encantam...


    Foi um prazer descobrir seu blog...

    Beijos!

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  2. Oi, Ava. É mesmo uma história de paixão. Agora, com os e-books os livros estão sendo pela primeira vez transformados. Mas também hão de sobreviver a mais essa.
    bjs

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