sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

a experiência Kindle

Recentemente, fui convidada por um editor do Brasil Econômico a passar algumas semanas lendo apenas no Kindle e depois escrever sobre a minha experiência. Aceitei - e adorei - a proposta. O resultado sai na edição de amanhã do jornal, no caderno Outlook.
Para os leitores do blog, o texto, em primeira mão.
Bom fim de semana!
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Quando a Amazon apresentou ao mundo seu Kindle, o e-reader que supostamente mudaria a forma como nós lemos, quis ter o meu. Alguns dias depois da Amazon anunciar a versão internacional que funcionaria no Brasil, viabilizei a compra de modo que um amigo trouxesse dos Estados Unidos, uma vez que mandar entregar aqui significaria pagar mais que o dobro do valor do produto.

Ele, o Kindle, chegou e foi atração à primeira vista. O design é bacana, a leveza impressiona. E mesmo para quem viu surgir internet, TV a cabo e MP3, é impactante acreditar que aquilo possa ser o novo livro. De imediato, parei o que eu estava lendo - A menina que brincava com fogo, de Stieg Larsson - no segundo capítulo e comprei a versão digital do Kindle. O que significa dizer que troquei um calhamaço de mais de 500 páginas por algo da espessura de uma revista. Agora eu conseguiria ler até enquanto fazia as unhas, já que não precisaria virar as páginas.

A segunda boa descoberta foram as letrinhas que imitam papel. Se a desvantagem é ter de usar um foco de luz como qualquer livro normal, a leitura é de fato muito semelhante a de um livro normal, dá quase para esquecer que não é. O Kindle vem com uma carta de boas vindas do Jeff Bezos na qual o CEO da Amazon diz que o objetivo do aparelho é ser absolutamente imperceptível – ou seja, que o conteúdo seja de tal forma envolvente que você é capaz de esquecer em que está lendo. Lembrei que dos livros tradicionais. Há aqueles que parecem incômodos, difíceis de segurar, você não sabe bem o que faz com a orelha, e esses raramente são os bons livros.

Curtindo meu Kindle, fiz tudo o que tinha direito. Comprei jornais e não vi muita graça. O site do New York Times é muito mais rico do que a versão para Kindle. Fiz a assinatura experimental das revistas, testei o recurso de voz, aumentei e diminui as letras, inclui comentários, marquei páginas. O dicionário venceu como um dos recursos mais fantásticos. Poder consultar a definição do Oxford em apenas um clique é muito útil, principalmente com certos autores, como Faulkner.
A primeira frustração veio por causa de um velho hábito. Tenho essa mania de interromper a leitura apenas ao final de um capítulo, o que significa dizer que quando os olhos começam a fechar de sono, costumo folhear as páginas para ver o quanto falta para terminar e decidir se vou adiante. Isso até é possível no Kindle, existem as marcações de capítulo, mas os números de páginas seguem uma ordem peculiar e não dá para segurar com seu próprio dedo enquanto conta. Não é a mesma coisa. Depois veio a hora de escolher meu segundo livro digital. Tive a ideia de olhar a enorme pilha da mesa de cabeceira e procurar os livros que ali estavam na versão para Kindle. Primeira tentativa, Indigination, do Philip Roth, e nada. Aliás, nada do Roth. Sério? Insisti nos americanos. Eles têm alguns títulos do Paul Auster, outros do Gay Talese. Optei por John Updike, The Widows of Eastwick.

Você não encontra muitos dos livros que gostaria, principalmente em língua portuguesa. Esqueça Saramago, a biografia do Padre Cícero e esqueça até Rubem Fonseca – nada de O seminarista na Kindle Store. Certamente a quantidade de títulos disponíveis vai aumentar. Enquanto isso, dá para se divertir bastante com os americanos, ingleses, irlandeses e todos os outros de língua inglesa, a majoritária dentre os mais de 300.000 títulos. Mas, por enquanto, o Kindle é uma forma mais prática e moderna de carregar sempre um livro na bolsa e poder comprar outro quando eu bem entender – desde que seja em inglês, claro.

2 comentários:

  1. Boa matéria! Tinha ganhado um kindle e não sabia como lidar com ele.
    Beijo
    Ana Lucia

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  2. Olá! Cheguei aqui através de outros sites e estou adorando. Tb sou jornalista e apaixonada pelo mercado livreiro, inclusive já tive uma livraria. Ainda tenho uma cerrta resistencia ao kindle, mas qualquer hora experimento... Parabens pelo blog! Abraços, claudia

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