terça-feira, 22 de setembro de 2009

os policiais

Durante décadas, a literatura torceu o nariz para os romances policiais - e ainda torce um pouquinho. Mas, digam o que quiserem, o gênero agrada a Gregos e Troianos. Agatha Christie, Edgar Allan Poe, Conan Doyle, todos criaram personagens-detetives que conquistaram o corações leitores mundo afora. O meu, vocês sabem, pertence ao Espinosa. Mas ele que se cuide, porque o Larsson chegou para arrasar.
Nesta semana, saiu nos Estados Unidos e na Europa um thriller, genêro permeado pela constante ação, ritmo acelerado e, claro, um herói. The Lost Symbol, novo livro de Dan Brown, é um daqueles que chega às livrarias quase ao mesmo tempo em que alcança as listas dos mais vendidos. Junto, aparecem também as primeiras críticas. Nesse caso específico, veio de um colega autor, o britânico Philip Pullman, que se referiu aos personagens de Brown como "superficiais" e acrescentou que sua "completa ignorância sobre o comportamento humano é impressionante". John Grisham, americano adepto dos thrillers, autor de O dossiê Pelicano e A firma, saiu em defesa do colega criticado dizendo que o que eles fazem não é mesmo literatura.
Segundo Grisham, seu principal objetivo, ao escrever, é manter o leitor virando as páginas o mais rápido possível e, para fazer isso, não pode se "dar ao luxo de distraí-lo (...) com as complexidades da alma humana, caráter dos personagens e esse tipo de coisa". Alto lá, Sr. Grisham. Se esse é o tipo de livro que você quer escrever, vá em frente. Mas para insinuar que não é possível escrever um bom thriller, daqueles que te fazem prender a respiração, com um mínimo de consistência literária e personagens sólidos, você certamente não leu Poe. Tampouco o próprio Larsson. Não só eles conciliam as duas coisas com extrema maestria, como é exatamente isso que caracteriza um bom romance policial, thriller, ou seja qual for a nomenclatura. Livro de mistério é aquele que te prende, sim, mas não pela mediocridade, e sim pela genialidade de seus detetives-heróis que fazem desdobrar diante dos olhos inocentes do leitor, um incrível plot.

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