Mais uma vez ela, a Madame de nosso século, a Web 2.0, nos surpreende. É que um grupo da Universidade de Rouen, liderado pelo professor Yvan Leclerc, mobilizou centenas pessoas com um convite lançado na internet. A proposta era participar de um projeto para publicar online as mais de 4.500 páginas dos manuscritos originais de Madame Bovary, romance de estréia de Gustave Flaubert. Os voluntários que ajudaram na transcrição tem idades que vão de 16 a 76 anos, de mais de 17 países. Estima-se que mais de 600 pessoas tenham participado do projeto, que durou dois anos. E ainda dizem que os livros estão chegando ao fim diante da era digital? I don´t think so...
O brilhante resultado está disponível aqui para quem quiser se deleitar. As tais transcrições foram necessárias por causa de corrosões e manchas acumuladas nos originais ao longo do tempo. Agora, além de poder navegar à vontade pelas páginas do romance, o leitor-internauta pode também visualizar simultaneamente a versão manuscrita. Assim, é possível ler a obra inteira, de cabo a rabo, exatamente como Flaubert a concebeu.
Madame Bovary (1857) foi o mais célebre livro de Gustave Flaubert. Nele, o autor francês deprecia afiadamente os costumes burgueses no segundo império francês. Por seu caráter cínico, a obra foi acusada de ser uma ofensa à moral e à religião. Flaubert foi levado aos tribunais, onde, para defender-se, disse que Emma Bovary era, na verdade, seu alter-ego. Madame Bovary é uma obra fundamental na literatura de seu tempo, o chamado século de ouro do romance (XIX), e considerado por muitos o ápice da narrativa longa.
Mais de 150 anos depois de seu lançamento, assistimos a dezenas de gerações juntando-se para adequar este grande clássico ao nosso tempo. Para mim, as novas tecnologias cada vez mais caminham para consolidar - e difundir - os maiores trabalhos da humanidade. Standing on the shoulders of giants.
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