domingo, 21 de julho de 2013

o jornalismo, a TV e eu

a primeira vez que quis ser jornalista foi depois de assistir Íntimo e Pessoal, filme no qual Michelle Pfeiffer faz o papel de uma aspirante a repórter de TV em começo de carreira. aquela adrenalina de ir atrás da história e conta-la antes (ou diferente) de qualquer outra pessoa me encantou. 7 anos depois, eu entrava na faculdade de comunicação da UFRJ com o mesmo sonho. essa ideia foi ganhando forma na medida em que eu consumia mais e mais notícias, assistia telejornais, experimentava nas aulas e a minha versão de glamour não era ser modelo, atriz ou qualquer coisa do gênero. minha idealização juvenil se parecia com a Christiane Amanpour cobrindo a guerra da Bósnia. não à toa, meu primeiro contato com a profissão foi numa rede de televisão - que estava mais para programas de moda e culinária do que conflitos do oriente médio, diga-se de passagem. com o tempo, a vida e minhas escolhas levaram a caminhos diferentes, e hoje sei muito mais sobre ferramentas de busca, navegadores e internet móvel do que jamais imaginei. em comum, a velocidade com que as coisas acontecem, a necessidade de tomar decisões rápidas - a maioria baseada apenas no seu bom julgamento -, a diversidade de assuntos sobre os quais você precisa ser capaz de saber pelo menos o mais importante. no fundo, vive a a alma de jornalista. 

talvez para matar um pouco as saudades, ou talvez porque eu goste mesmo de seriados, comecei (e já terminei a 1a temporada) a assistir The Newsroom, drama político que narra os bastidores de um telejornal americano. como a mesma adolescente que se encantou pela profissão, me tomo de amores pela proposta da Mac e do Will de transformarem a forma como se faz notícia e me empolgo com frases do tipo: "nós não declaramos a morte de uma pessoa, o médico faz isso". entendo todas as críticas e até a ingenuidade do autor da série, mas não consigo pensar em momento mais propício para se discutir o que informações estamos consumindo. em uma época dos smartphones, das redes sociais e da falência de tantos veículos, o que a televisão está fazendo para se reinventar? os produtores nunca tiveram tanto acesso a fontes, testemunhas, personagens, mas assistimos, todas as noites, matérias que repetem uma fórmula datada. possivelmente o exemplo mais palpável disso seja a cobertura recente dos protestos no país. admiro o esforço de todos os colegas que se misturaram aos conflitos para entregar a história, mas não dá para negar a sensação de que estamos - e coloco em primeira pessoa -, assim como o News Night estava, fazendo mais entretenimento do que notícia.

na medida em que avançam as ofertas de VOD (video on demand) e as pessoas ficam menos presas às grades de programação, assistindo o que querem na hora que desejam, a televisão ironicamente caminha de volta às origens: para ser majoritariamente ao vivo. e isso as nossas grandes redes já sabem fazer como ninguém, resta apenas fazer em 2013, não 1960. talvez esteja aí a esperança. em vez da notícia em tempo real significar o furo, ela pode ser responsável por levar o telespectador até o fato. como é estar no meio da avenida paulista durante as manifestações? qual o clima em brasília diante das denúncias da NSA? e por aí vai. a jovem que escolheu jornalismo dentro de mim acredita em uma nova era de ouro da televisão. e também acha que são os novos jovens, entrando hoje nas faculdades e nas redações, que vão saber unir o melhor de dois mundos - tecnologia e jornalismo - para chegar lá.





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