domingo, 11 de novembro de 2012

sábado paulistano

no topo da lista de dificuldades no processo de adaptação dos cariocas a são paulo, diria que está o final de semana. durante a semana, os dias passam rápido, ocupados pela correria do trabalho e outros afazeres - academia, cursos, etc - e terminam quase sempre fora de casa. das primeiras coisas que me impressionou nessa cidade foi o fato de chegar em um bar ou restaurante em plena terça-feira e encontrá-lo cheio. isto se torna, inclusive, um parâmetro de qualidade dos lugares: se o novo-restaurante-do-momento não tiver, no mínimo cheio, pode ir embora. o serviço não presta, a comida é fraca ou os pratos estão overpriced.

mas é no final de semana que o carioca sofre. se chove, é porque "no Rio com certeza está sol"e se faz sol, "ah, como eu queria estar no Posto 12...". os paulistas, por sua vez, não conseguem entender essa nossa obsessão com a praia - "e você ia todo final de semana?", perguntam. na verdade, ia quase todo, mas a questão não é bem essa. a praia tem uma função social e psicológica na vida do carioca. você precisa saber que ela está lá, a alguns minutos de carro, bicicleta, ônibus, ou, para os mais sortudos, a pé. ir à praia não exige grandes planejamentos, nem grana, e pode perfeitamente ser o único programa do final de semana.

na ausência da praia, Sp exige um esforço e uma série de escolhas. onde vamos comer, com que grupo de amigos, em que região. vamos gastar um pouco mais e tomar uma garrafa de vinho rosé no almoço seguido de comprinhas no bairro? ou vamos comer um lanche (paulistês para sanduíche) na Frutaria, depois de um passeio de bike no Ibirapuera? para mim, é uma combinação dessa brincadeira de personagens diferentes na cidade com chances para escapar - uma praia perto, a serra, o Rio. nunca valorizei tanto a praia como depois que ela passou a estar a 2 horas de distância.

além do mais, é uma chance de fazer todas as outras coisas que não envolvem sentar no sol e bater papo a tarde inteira (ô delícia). como a minha brincadeira de casinha começou aqui, não sei dizer como deve ser a vida de gente grande no Rio. quando as pessoas vão ao supermercado, estudam para a prova da pós, passam na tok&stok para comprar uma coisa pra casa ou arrumam aquela gaveta que vive um caos? talvez seja durante a semana, nas noites farreadas de Sp. ou talvez todo carioca já tenha torcido, secretamente, por um sábado de garoa para pôr a vida em dia...

Escolhas e mais escolhas: cardápio de sobremesas argentinas do Bárbaro, no Itaim. 


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