quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Pró-leitura

Boas notícias para o mercado editorial, mas acompanhadas de uma ressalva.
Os números do estudo anual da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP) são altamente comemoráveis. Foram 211,5 milhões de exemplares vendidos ao mercado em 2008, o que gerou um crescimento de 9,7%. O número de títulos publicados por ano cresceu 13,3% de 2007 para 2008, e foi a primeira vez que a taxa superou os 50 mil. Já o preço médio praticado do livro variou de R$ 12,68 em 2004, para R$ 9,29 em 2008. Estamos lendo mais - e pagando menos.
A Folha de S.Paulo publicou uma matéria na edição de hoje que aponta uma questão delicada. Enquanto os números são nada além de muito positivos, as editoras pressionam o governo para reduzir a proposta de criação do Fundo Pró-leitura. É que desde 2004, o projeto prevê a destinação de 1% da receita de editores, distribuidores e livreiros para o fundo, idealizado para financiar programas de incentivo à leitura. Mas o governo não chegou a definir o formato, que previa uma arrecadação de R$ 66 milhões por ano, e, assim, as empresas do setor passaram os últimos anos sem contribuir.
De um lado, o Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) teme que a cobrança neste momento possa levar ao aumento dos preços, considerando que estes números levantados pela Fipe referem-se ao ano de 2008, e que, de lá para cá, é preciso considerar os impactos da crise. De outro, Fabiano Santos, diretor de Livro, Leitura e Literatura no Ministério da Cultura, em entrevista à Folha, afirma que a cobrança "Foi um compromisso social assumido pelo setor em 2004. Não adianta ter um mercado voltado a apenas 17% da população, que compra os livros. O fundo é necessário para fomentar a leitura". Segundo ele, o preço médio dos livros ainda é muito alto para as classes C, D e E.
Sem dúvida, nas últimas décadas, nosso mercado editorial cresceu e se consolidou. A prova está aí, nas inúmeras pesquisas feitas sobre o setor. O fato é que agora é preciso construir uma estrutura para que esse crescimento seja possível. De que adianta superar a taxa de livros publicados por ano, se grande parte da população continua sem poder - ou ter interesse em - comprá-los? E mais: se os números já são tão positivos com apenas 17% de leitores, até onde podemos chegar caso as propostas de incentivo à leitura de fato surtam efeito?
Os norte-americanos e europeus que se cuidem...

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