segunda-feira, 2 de março de 2009

The Best of Everything

O que começa como mais uma novela (do inglês, novel) sobre um grupo de amigas, revela-se, aos poucos, um grande romance atemporal – ainda que as datas sejam exatamente demarcadas –, que transcende as batalhas femininas no mercado de trabalho e no campo amoroso e destrincha os conflitos internos que tanto nos soam familiares.


A trama é superficial. Cinco moças, recém-formadas na faculdade e recém-ingressas nos vinte anos, encontram-se no primeiro emprego, em uma grande editora da Nova Iorque de 1952. As histórias de vida que as levaram até lá são diferentes, mas os objetivos primários, os mesmos: passar o tempo como datilógrafas/secretárias enquanto não encontram o futuro marido para, enfim, começarem a vida. As situações com as quais elas se deparam são as mesmas que qualquer jovem viveria hoje. Dinheiro apertado, apartamento pequeno, fofocas no escritório e assédio sexual vindo de todos os cantos, encarnado em homens casados de seus 40 e muitos. O molho da narrativa está na forma como cada personagem se constrói, lentamente, diante dos olhos do leitor, na medida em que enfrentam esta infinidade de escolhas. Dentro de uma prosa afiada, os adjetivos que transcrevem cada tom de cada diálogo os tornam ainda mais cortantes.

A autora, que apresenta aqui uma autobiografia do universo que ela própria conheceu no início da década de 50, consegue o que depois Sex & The City adapta aos anos atuais – criar um processo de identificação entre leitora e personagens que nos tranquiliza com a descoberta de que aquelas angústias absolutamente secretas e devastadoras também habitam o cotidiano de tantas outras mundo afora. Na medida em que a protagonista descobre prazer com a carreira que começa a despontar, fica claro para ela o quão simplória a maioria de suas colegas é, e ao mesmo tempo ela almeja esta simplicidade. Ela cede à constatação de que é mais fácil ser feliz se a felicidade estiver apenas em um casamento, filhos e afazeres domésticos. Ao longo dos capítulos, vemos florescer o mundo que se preparou para receber a mulher de hoje, como uma espécie de sopa que contém ingredientes de todas as gerações, não em choque, mas em perfeita harmonia.

A epígrafe é um anúncio que na época circulava no The New York Times e que inspirou o título do livro e também deste blog:

YOU DESERVE THE BEST OF EVERYTHING
The best job, the best surroundings, the best pay, the best contacts.

E isso, é tudo.

Rona Jaffe. The Best of Everything. New York: Penguin Books, 1958.

3 comentários:

  1. You deserve the best of everything.

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  2. o livro fala também sobre mulheres que enfrantam ny. e esse é mais difícil que arrumar um casamento.

    i'm glad you liked, dear!
    beijos! Aninha

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