segunda-feira, 9 de março de 2009

Amor carioca


Por causa do trabalho, ando muito próxima do poetinha. E recentemente descobri, encantada, o amor na poesia de Vinicius de Moraes. Descreve-se Vinicius, que ao longo da vida se casou nada menos do que nove vezes, como um romântico moderno ou um moderno romântico. Do Romantismo herdou o “mal do século”: a dor do amor, assim mesmo, em rima nos sonetos. Ao mesmo tempo, o sentimento puramente romântico é expresso em versos livres e Vinicius abusa da oralidade, do coloquialismo. Com habilidade, o poetinha passeia entre o popular o erudito, assim como entre a poesia e a música. Em pleno Modernismo, reciclou o amor exagerado, hiperbólico, consagrando-se como um de nossos maiores poetas. Os populares – e não menos belos – Soneto de fidelidade e a canção Eu sei que vou te amar já são velhos conhecidos da maioria. Para quem ainda não foi apresentado, deixo um, de minha escolha, Soneto do amor total (1951).


Amo-te tanto, meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade..

Amo-te como amigo e como amante

Nunca sempre diversa realidade.


Amo-te afim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.


Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.


E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.


Um comentário:

  1. Também adoro Vinícius.
    E é incrível, pois ontem fiz um post em meu blog sobre o site do Vinícius e coloquei exatamente esse poema, resistindo a não colocar o Soneto de Fidelidade, que é meu preferido.
    Juro, cruzando os dedinhos na boca, que foi mera coincidência.
    A cada leitura, vou descobrindo que temos mais em comum. Estou adorando seu blog. Já foi para a minha lista de cantinhos preferidos. :)

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