Por causa do trabalho, ando muito próxima do poetinha. E recentemente descobri, encantada, o amor na poesia de Vinicius de Moraes. Descreve-se Vinicius, que ao longo da vida se casou nada menos do que nove vezes, como um romântico moderno ou um moderno romântico. Do Romantismo herdou o “mal do século”: a dor do amor, assim mesmo, em rima nos sonetos. Ao mesmo tempo, o sentimento puramente romântico é expresso em versos livres e Vinicius abusa da oralidade, do coloquialismo. Com habilidade, o poetinha passeia entre o popular o erudito, assim como entre a poesia e a música. Em pleno Modernismo, reciclou o amor exagerado, hiperbólico, consagrando-se como um de nossos maiores poetas. Os populares – e não menos belos – Soneto de fidelidade e a canção Eu sei que vou te amar já são velhos conhecidos da maioria. Para quem ainda não foi apresentado, deixo um, de minha escolha, Soneto do amor total (1951).
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade..
Amo-te como amigo e como amante
Nunca sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Também adoro Vinícius.
ResponderExcluirE é incrível, pois ontem fiz um post em meu blog sobre o site do Vinícius e coloquei exatamente esse poema, resistindo a não colocar o Soneto de Fidelidade, que é meu preferido.
Juro, cruzando os dedinhos na boca, que foi mera coincidência.
A cada leitura, vou descobrindo que temos mais em comum. Estou adorando seu blog. Já foi para a minha lista de cantinhos preferidos. :)