terça-feira, 2 de abril de 2013

ganhando perspectiva



sabe aquela frase em inglês que diz look at the bigger picture? sempre que alguém diz isso, imediatamente me imagino no MoMa, quando vi pela primeira vez, ao vivo e a cores, meu quadro favorito - o The Starry Night. de perto, a obra-prima do Van Gogh parece um conjunto de borrões sem sentido, mas com alguns passos pra trás, tudo ganha cor, forma, beleza. 

nestes dias andei entrevistando alguns candidatos a uma vaga aqui na empresa e, como é de se imaginar, muitos não são de Sp. um carioca, uma mineira e um goiano, para ser mais precisa, todos morando aqui há poucos pares de anos. ao narrarem suas trajetórias, destacaram a mudança para cá como um dos pontos mais marcantes que viveram até agora - as saudades da família, ter de aprender a se virar sozinho, cuidar do apartamento pela primeira vez - conhecemos o processo. mas um deles, o carioca, me disse uma coisa diferente. ele comentava sobre como ter mudado de cidade tinha sido a melhor coisa que lhe acontecera em termos das amizades. 

como?

normalmente, a conversa dos cariocas por aqui diz respeito a exatamente o quão difícil é deixar os grandes amigos para trás e ter que construir novas amizades, daquelas duradouras, depois de mais velhos. mas o ponto dele é que a distância, o tal passo para trás, o tinha permitido enxergar o quadro desses relacionamentos de outra maneira, com muito mais clareza. 

quando você cresce, muda de rotina, de vida, de problemas, e ainda consegue falar com seus amigos como se nenhum segundo tivesse se passado, como se vocês fossem vizinhos de rua e ainda tivessem se encontrado no colégio de manhã, então são essas amizades que valem a pena. mas quando a distância parece uma pausa, uma suspensão do tempo que já não existe, das histórias que vocês já não compartilham, das pessoas que não conhecem em comum, então talvez a pintura seja mesmo apenas um retrato do que passou. 

nada como um pouco de perspectiva...   

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