quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

editar para sobreviver

Virou lugar-comum falar sobre a overdose de informações da vida moderna. Mas os clichês normalmente são bem justificados. Jornal da manhã, rádio no trânsito, canais de notícia 24 horas no ar, portais atualizados a cada minuto, centenas de amigos postando conteúdos nos blogs, Facebooks e replicando informação via Twitter. Basta um dia inteiro offline para se dar conta de quanto conteúdo deixamos de absorver neste período. E é exatamente nestes momentos que nós, público espectador do show da mídia, passamos a fazer uma edição amadora.
Experimente ficar algumas horas sem entrar no Twitter ou no Facebook, por exemplo. Quando acessar, a quantidade de informações será tamanha que você será forçado a selecionar o que vai ler. Normalmente recorremos às pessoas em quem mais confiamos como fonte de informação. E não pense que estas serão, necessariamente, jornalistas, formadores de opinião no sentido óbvio, mas aquelas a quem, por um determinado conjunto de características, delegamos a função de editores-amadores.
George Brock, chefe do departamento de jornalismo da City University, de Londres, disse mais ou menos isso no congresso da Associação Mundial de Jornais, cuja principal pauta foi, claro, o temido fim dos meios de comunicação clássicos frente ao crescimento da internet e democratização da informação:
"mesmo nas novas mídias, as pessoas irão confiar em quem está selecionando as notícias para elas. É o poder da edição, da seleção. Isso não vai desaparecer."
Concordo com Brock. Se os livros serão digitais, impressos, acessíveis ou exclusivos, personalizados ou genéricos, é um mero detalhe. O fato é que a figura do editor não irá desaparecer. Pode ser que esta função se torne menos formal e mais maleável, mas não se engane - precisamos editar para sobreviver.

Um comentário:

  1. Muito bom - esclarecedor. De certa forma, você editou para sobrevivermos.
    Bjs cariocas

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