terça-feira, 3 de novembro de 2009

sequências

Você já viu esse filme antes. Tardiamente, descobrimos um escritor muito bacana e, para nossa alegria, ele não escreveu apenas um ótimo livro, mas uma série completa. Acontece que você, felizardo, como só descobriu a série deliciosa muito depois de todo mundo, não precisou ficar roendo as unhas esperando o próximo lançamento - todos os livros já estão devidamente traduzidos, publicados e à venda. Que sorte.


Será?


Além da questão mercadológica - fazer os fãs esperaram pelo próximo livro aumenta as vendas do título atual e todos os produtos correlatos (filmes, e-books, etc) - descobri recententemente que existe um porquê da espera. O intervalo entre um volume e outro não é mera tortura fria e calculista para conosco, leitores. Esse tempo é também o tempo de maturação da história, dos personagens. Quando você encara o segundo ou terceiro volume de uma série, o autor tem o desafio de não apenas manter seu interesse, mas de resgatar tudo aquilo que havia lhe conquistado em primeiro lugar. Isso significa que, não apenas a narrativa pode ficar um tanto repetitiva, já que é preciso recapitular certos aspectos relevantes para o contexto da história, como não teremos tido tempo de ansiar por aquele livro e devorar mais 500 páginas de um mesmo tema.


Se a relação leitor-personagem em muito lembra uma relação amorosa, precisamos, por que não, sentir saudades de um personagem. Assim, o (re)encontro será muito mais bem aproveitado e apreciado.


Recentemente incorri neste erro ao emendar o primeiro e segundo volumes da trilogia Millenium, de Stieg Larsson. Mas agora vou até o fim, porque afinal de contas, não se abandona um relacionamento no primeiro momento de crise.


Um comentário:

  1. Boa crônica, ótimo, a analogia com os relacionamentos.
    bjs
    carioca rides again.

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