segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Trilogia Millenium, Parte I

Sabe aquele livro que você paquera durante um tempo até, finalmente, se render à leitura? Os homens que não amavam as mulheres era um desses. Primeiro volume da Trilogia Millenium do jornalista sueco Stieg Larsson, o livro foi um best-seller absoluto na Europa, onde vendeu milhões de exemplares. Por aqui, não conseguiu a mesma proeza – mas agradou a muitos.

Do início da leitura até a última página do livro, tempo que equivaleu a muito mais dias do que eu gostaria, perdi as contas de para quantas pessoas recomendei Os homens que não amavam as mulheres. Neste thriller de primeira, Larsson acerta a mão nos ingredientes contemporâneos adicionando uma boa dose de recursos digitais/tecnológicos, dilemas éticos do jornalismo e corrupção corporativa. Se o título em português entrega a natureza dos crimes cometidos nesta novela, sua versão original, The Girl With the Dragon Tattoo, dá a devida dimensão à Lisbeth Salander, personagem em quem o leitor – assim como Dirch Frode – não acredita muito de início, mas que toma de assalto a narrativa, o protagonista e o próprio vilão.

O livro gira em torno da derrocada profissional de Mikael Blomkvist, então editor da revista de esquerda Millenium, que é julgado e condenado por difamação em um artigo sobre o magnata Hans-Erik Wennerström. Sem chão, Mikael recebe um súbito e estranho convite de Henrik Vanger. Aposentado, Vanger já representara os negócios de uma das famílias mais ricas da Suécia, e há quarenta anos perseguia obsessivamente os rastros do desaparecimento de Harriet Vanger, sua sobrinha. O milionário oferece à Mikael um contrato de um ano, período no qual ele se dedicaria ao mistério sob o pretexto de escrever uma biografia da família. Por uma razão ou outra, Mikael decide aceitar e antes do que espera se vê envolvido até o pescoço em uma trama familiar mais complicada do que supunha.

Lisbeth Salander, jovem, solitária e socialmente problemática, mas uma talentosíssima pesquisadora-hacker entra na história e na vida de Mikael e se torna uma espécie de fiel escudeira desse detetive subvertido. No fim das contas, juntos, Mikael e Lisbeth solucionam o caso épico e devolvem a paz ao velho Henrik. Mas até chegar lá, Larsson nos conduz com habilidade por um labirinto repleto de saídas falsas, cuja diretriz é pautada pelas regras básicas do jornalismo – confie apenas em fatos, verifique todas as informações, converse com os envolvidos e nunca, nunca revele suas fontes.

Um dos melhores thrillers do milênio, Os homens que não amavam as mulheres é, para a minha alegria, apenas o primeiro de três volumes. Encantador para os amantes de romances policiais, indispensável para jornalistas com um quê investigativo e absolutamente adequado à nossa era.

Pena que o autor, ele também jornalista e ativista, tenha morrido tão cedo, aos 50 anos, antes mesmo de saborear o sucesso de seus romances.


Um comentário:

  1. Se Stieg Larsson estivesse vivo, escreveria te agradecendo.
    bjs
    Bibi

    ResponderExcluir