quarta-feira, 22 de julho de 2009

Agente, para que te quero?

Em muitos aspectos, o mercado editorial brasileiro copia o americano. Claro que perto das grandes publishing houses dos EUA, ainda estamos engatinhando, mas, de todo modo, a dinâmica tende a ser replicada. Exceto em um caso – o papel do agente literário.

Se lá fora não é possível imaginar um autor, por mais desconhecido que seja, que não tenha um agente o representando, aqui no Brasil a prática ainda é pouco comum. Em primeiro lugar, há poucos escritórios que desempenham este papel com segurança como os de Lucia Riff e Alessandra Pires; e, ainda estes, costumam ser utilizados como um suporte burocrático, seja para o autor que tem livros publicados por diversas editoras e precisa de ajuda com seus contratos, ou porque alcançou certo nível de reconhecimento que não o permite gerenciar toda sua obra.

Essa é a outra questão. Enquanto aqui os poucos agentes ocupam-se dos 'peixões' da literatura brasileira, nos Estados Unidos eles funcionam muito como os primeiros avaliadores de autores estreantes. Ou seja: o autor procura um agente literário e submete seu manuscrito, o qual é avaliado e, caso seja considerado apostável, ele passa a ser um cliente da agência, que negociará com editoras daquele perfil a publicação do livro. Em muitos casos, o agente inclusive sugere mudanças que adéquem o texto a um perfil mais comercial, um pouco como alguns bons editores o fazem.

Sobretudo, ter um agente literário lhe representando, pode ser muito interessante para a venda de direitos ao exterior. Hoje, no Brasil, isso ainda é feito de maneira muito tímida, cabendo a algumas poucas editoras esse papel. Já nas grandes casas, o autor vê a atenção do departamento editorial ser dividida entre outras centenas de escritores e, assim, muitas vezes, seu trabalho nunca tem a chance de ser levado a outros países. Estamos falando, portanto, de uma área desse mercado ainda não explorada, o que pode significar oportunidades para ambos os lados – agentes e autores – crescerem. Cabe a nós aproveitar.

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