sexta-feira, 20 de março de 2009

Book club


Minha tão querida The New Yorker está com uma novidade: em sua versão online, criou um Book Club. Como os bons e velhos clubes do livro nos quais um grupo de amigos escolhe um livro e se reúne para discutir o texto, os leitores aqui postam seus comentários acerca da obra do mês. O livro é escolhido pelos próprios editores da revista, que também contribuem com suas análises e comentários. Inaugurado em fevereiro, o blog escolheu para o début Revolutionary Road, de Richard Yates, o tal romance que deu origem ao filme Foi apenas um sonho (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet).

Um jovem casal aos trinta anos se vê morando nos subúrbios de Connecticut, ele ocupando-se de um trabalho operacional de escritório para sustentar os filhos que tiveram cedo demais; ela, atriz frustrada, ocupando-se de afazeres domésticos. Com diálogos diretos e uma prosa áspera, Yates narra as frustrações e desprezo que April e Frank Wheeler nutrem por seus vizinhos, pela classe média banal e por eles próprios, que deixaram para trás a vida em Nova Iorque e as intensas possibilidades intelectuais que o Village na década de 50 oferece. No sentido prático, nada na trama acontece, mas acompanhamos com angústia essa sensação de sufocamento que aos poucos toma cada personagem, depois o casal, os amigos e o bairro.

Hoje considerado um clássico da literatura americana, Revolutionary Road não foi tão bem recebido à época de seu lançamento original, em 1961, inclusive pela própria New Yorker. Décadas mais tarde, o autor e professor que era tão amargurado quanto seus personagens, entrou para o rol de nomes que como John Updike, Rona Jaffe e tantos outros narraram as inquetudes de uma das épocas - os anos 50 - mais límitrofes para a juventude, que todos os dias se debatia entre o tradicional e o moderno; o emprego e a carreira; o casamento e a união; os subúrbios e a cidade grande.

Boa iniciativa da revista e ótima dica de leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário